O mundo moderno e as dificuldades de uma noite bem dormida
Ainda que o sono seja de suma importância para a nossa saúde ele ainda é muito neglicenciado por grande parte da população. Geralmente é culpa das rotinas, hábitos e obrigações. O fato é que o nosso sono está cada vez menor e cada vez mais desregulado, o que ocasiona diversos transtornos para o corpo e para a qualidade de vida.
No Brasil é ainda mais comum que as pessoas não consigam dormir direito. Dados da Universidade de Michigan, de um estudo realizado entre 2014 e 2016, mostram que os brasileiros dormem, em média, 7h e 36 minutos. Pode parecer bom, mas isso é menos do que outros 97 países consultados. Em São Paulo, então, uma outra pesquisa da USP mostrou que os paulistanos dormem cerca de 6h por noite.
O grande problema disso é que a nossa saúde sofre drasticamente com essas alterações no sono. A pressão arterial sobe, aumentam os níveis de cortisol e adrenalina no sangue, e a contagem de células brancas fica desregulada, o que deixa o sistema imunológico mais fraco e vulnerável a doenças e infecções.
Além disso, fatores psicológicos e comportamentais sofrem: tendemos a ficar de mau humor e mais agressivos, pioramos a capacidade de decidir e se expressar verbalmente e temos certa perda de memória. Isso tudo se assemelha às consequências da intoxicação alcoólica; por isso é normal que quem fica acordado por muito tempo acabe se sentindo bêbado. Em casos extremos é possível até mesmo ter alucinações.
Mas dormir bem não é apenas uma questão de dormir mais. Distúrbios do sono, como são chamados os casos de insônia, narcolepsia, transtornos respiratórios e outros, acabam com a qualidade do sono e não permitem que o corpo faça o que deve ser feito durante aquelas preciosas horas da noite.
Nosso cérebro usa esse tempo para descartar células mortas, regenerar os tecidos e até mesmo se livrar de memórias supérfluas. O corpo, claro, precisa do descanso para recuperar a energia gasta durante o dia, e para ser produtivo no dia seguinte.
A Unifesp já realizou pesquisas a respeito de perturbações no sono, e chegou à conclusão de que 63% dos voluntários, de 150 cidades em todo o país, alegavam algum transtorno desse tipo. A boa notícia é que muitos deles possuem algum tipo de tratamento; até mesmo a insônia, que afeta 4 a cada 10 brasileiros – principalmente mulheres e quem possuí transtornos psíquicos.
Por outro lado, a solução para muitas pessoas reside apenas na mudança de hábitos. Nosso cérebro produz um hormônio chamado melatonina, que acompanha o ritmo do sol e vai funcionando como um sonífero durante um ciclo de 24 horas; ele supostamente deve ser liberado mais fortemente ao anoitecer, mas como costumamos ver televisão ou usar o celular, o nosso corpo confunde a luminosidade com a luz do sol e a produção do hormônio fica desregulada.
O ideal é que nossos hábitos noturnos se adéquem às nossas necessidades, bem como nossa rotina, no que for possível. Se você perceber que os distúrbios do sono são comuns na sua rotina, procure o auxílio de um especialista em Medicina do Sono.